O Dia da Espiga ou Quinta-feira da espiga é celebrado no dia da Quinta-feira da Ascensão com um passeio, em que se colhe espigas de vários cereais, flores campestres e raminhos de oliveira para formar um ramo, a que se chama de espiga e se come uma bela merenda.
Acredita-se que este costume, que surge mais no centro e sul de Portugal, nasceu de um antigo ritual cristão, que era uma bênção aos primeiros frutos, talvez de antigas tradições pagãs associadas às festas da deusa Flora que aconteciam por esta altura e às quais se mantém ligada à tradição dos Maios e das Maias.
O dia da espiga era também o "dia da hora" e considerado "o dia mais santo do ano", um dia em que não se devia trabalhar. Era chamado o dia da hora porque havia uma hora, o meio-dia, em que em que tudo parava, "as águas dos ribeiros não correm, o leite não coalha, o pão não leveda e as folhas se cruzam". Era nessa hora que se colhiam as plantas para fazer o ramo da espiga e também se colhiam as ervas medicinais.
Segundo a tradição o ramo deve ser colocado por detrás da porta de entrada, e só deve ser substituído por um novo no dia da espiga do ano seguinte. Em dias de trovoadas queimava-se um pouco da espiga no fogo da lareira para afastar os raios.
Na freguesia de S. Martinho da Cortiça, está registado em meados do séc. XVIII ia a cruz da Igreja Matriz em procissão no primeiro dia das rogações à capela de Mucelão, no segundo à de Sail e no terceiro à capela da Sanguinheda, onde também ia a cruz da anexa igreja da Carapinha.
Há uns quarenta anos atrás a mesma procissão ainda se fazia. Chamavam-lhe a procissão das ladainhas, onde a cruz da igreja ia na antevéspera, véspera e dia de Quinta-feira da Ascensão às mesmas capelas de Sanguinheda, Sail e Mucelão e as pessoas iam pedindo nas suas orações a bênção dos campos.
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