segunda-feira, 1 de julho de 2013

A qualidade da água do abastecimento público em S. Martinho da Cortiça

Todos temos visto durante os últimos meses que a qualidade da água que nos sai das torneiras em S. Martinho da Cortiça tem sido sofrível.

Uma água é dita potável quando é inofensiva para a saúde do homem, agradável aos sentidos e adequada aos usos domésticos. O que não tem sido o caso: a água do abastecimento público vem bastante turva e com sabor desagradável, tanto que muitas famílias recusam o seu consumo para beber e para cozinhar e apenas a utilizam esta água para lavagens, com grandes inconvenientes.
Por um lado, as famílias voltam cada vez mais à água das fontes para beber, mas cuja qualidade não tem sido controlada, com as nascentes cada vez mais ameaçadas pela falta de tratamento das próprias águas residuais, que na nossa Freguesia continuam sem tratamento apropriado, apesar das promessas já feitas.
Por outro a própria água do abastecimento público, por vir tão turva, começa entupir e danificar filtros, termoacumuladores e outros electrodomésticos, compre juízo para as populações.


A turvação, cor, cheiro e sabor, além de outros parâmetros químicos, bacteriológicos e biológicos mais imperceptíveis a olho nú, são parâmetros de controlo da qualidade da água previstos no Decreto-Lei n.º 306/2007, que estabelece o regime da qualidade da água destinada ao consumo humano, e não estão, certamente a ser respeitados.

Nos últimos relatórios disponíveis no site da C. M. Arganil a violação de alguns parâmetros ficou registada. Por exemplo, com a detecção de excesso na dosagem de sulfato de alumínio (utilizado para flocular as partículas de sujidade em suspensão na água, decantando e clareando-a) e com a má qualidade dos reagentes utilizados (1º trimestre 2013 - http://goo.gl/LjG2L). 
Note-se, por exemplo, que a exposição prolongada ao sulfato de alumínio pode causar graves problemas para saúde! 
A própria turvação, está escrito do Relatório Técnico do 1º trimestre 2013, “pode ser um sinal de contaminação [já que] as partículas que conferem turvação à água protegem os microorganismos dos efeitos da desinfecção, facilitando o desenvolvimento das bactérias”. 

Estamos perante um problema de saúde pública, tendo até já várias autoridades do nosso concelho aconselhado informal, mas publicamente, a evitar o seu consumo!?

De que nos serve pagar por água que não podemos consumir com segurança? A água é um bem essencial!

A Freguesia de S. Martinho da Cortiça, assim como a de Pombeiro da Beira, Paradela da Cortiça e mais algumas povoações das freguesias de Arganil e Vila Nova do Ceira são abastecidas pelo sistema de abastecimento de água do Feijoal, cuja captação é precisamente nas margens do rio Alva, no Feijoal, construída em finais da década de 1980, a funcionar portanto há quase 30 anos. É a partir desta captação, onde também a água é filtrada e tratada, que depois é bombada para os diversos reservatórios (sistema em alta), e daqui distribuída para os diversos domicílios (sistema em baixa). 
Estima-se que cerca de 4.000 pessoas sejam abastecidas a partir deste sistema, todas elas afectadas por este problema.

Muitos palpites já se deram acerca deste problema e da sua resolução. Ou é a cota da albufeira que está alta, ou que baixa, ou a localização da captação não é boa, ou os filtros que estão sujos, ou as areias de filtragem inadequadas, ou as dosagens de reagente inadequadas, ou os reservatórios que precisam de ser limpos, etc…
Tem-se levantado muita poeira em torno deste problema e em torno da sua resolução, principalmente por quem tem a responsabilidade de esclarecer. 
Mas tem sido sobretudo poeira. Tanto que nunca este problema foi sequer levantado pelo sr. Presidente da Junta de Freguesia de S. Martinho da Cortiça nas mais de 20 sessões em que teve assento na Assembleia Municipal em Arganil desde 2009, como se pode facilmente comprovar da leitura das actas publicadas no site da Câmara Municipal (http://goo.gl/CQ2Vc), sem contar com as anteriores desde 2005.  
Não fossem, aliás, as queixas veementemente apresentadas nas duas últimas sessões das Assembleia de Freguesia em S. Martinho da Cortiça e a pressão então feita para que o problema fosse levado ao conhecimento da Assembleia Municipal, que o problema continuaria sem ser levado a quem o pode resolver.

A César o que é de César, e aos técnicos o que é dos técnicos. E já agora, aos políticos a decisão de mandar, ou não, os técnicos estudar os problemas e apresentar soluções.
É a Câmara Municipal, e claro a Junta de Freguesia, quem deve promover um correcto diagnóstico do problema, em vez de se deixar divagar em palpites, e estudar quanto custa a resolução do problema e decidir se a resolução deste problema é, ou não, uma prioridade para a saúde pública das suas populações. 
Por exemplo, decidir que parte dos cerca de 170 mil euros que gere anualmente estará a Junta de Freguesia de S. Martinho da Cortiça disposta a utilizar para resolver este problema? Ou que parte dos 80 mil euros já investidos na adaptação do Centro Cultural de S. Martinho da Cortiça? Ou, se não for suficiente, que parte dos mais de 6 milhões de euros investidos na Reabilitação da Cerâmica Arganilense estará a Câmara Municipal de Arganil disposta a utilizar para resolver um problema que afecta diariamente cerca de 4.000 pessoas?

7 comentários:

  1. Aplaudo a publicação!

    ResponderEliminar
  2. TODA A VERDADE SOBRE A ÁGUA DA REDE PÚBLICA

    Tem-se assistido a várias criticais sobre o estado da água da rede, nas freguesias de S. Martinho da Cortiça, Pombeiro da Beira, Paradela da Cortiça e parte das freguesias de Arganil e Vila Nova do Ceira, captada no Feijoal.
    Essas criticas, tem sido proferidas por consumidores com toda a razão, e por outros, por motivos políticos.

    1º- No concelho de Arganil apenas as freguesias de Côja e Benfeita são responsáveis pelos sistemas de abastecimento de águas.

    2º - A água que abastece todo o resto do concelho, incluindo S. Martinho da Cortiça, é da responsabilidade do Município de Arganil, basta para isso ver o nome da entidade que emite as faturas.

    3º - A Junta de Freguesia de S. Martinho da Cortiça tem reclamado fortemente junto da Câmara Municipal a má qualidade da água desde o inicio do problema.

    4º - Temos informação do Município de Arganil que tudo está a ser feito para resolver o problema o mais breve possível.

    5º - A causa da cor da água deve-se exclusivamente ao teor de ferro e manganês que ela contém.

    6º - A água não contém contaminação bacteriológica.

    7º - Para que se perceba a complexidade do problema, o sistema de captação do Feijoal está a bombear 1200 m3 por dia, o equivalente a 50 camiões cisterna por dia.

    8º - A Junta de Freguesia de S. Martinho da Cortiça está a apelar á Câmara Municipal, que o custo da água seja reduzido neste período de tempo, para compensar os consumidores, facto que está em estudo por motivo de algumas restrições impostas pelo Regulamento Municipal.

    9º - A Junta de Freguesia também tem limites nas suas competências, estando neste caso a fazer tudo o que está ao seu alcance pressionando as entidades responsáveis pelo abastecimento da água, e defendendo como é nossa obrigação os interesses de todos os cidadãos da freguesia.
    Fazendo fé nas palavras dos responsáveis acreditamos que o problema estará resolvido em breve.

    10º - Lamento que outros candidatos a cargos públicos nas freguesias efetadas com este problema, não se tenham juntado ao Presidente da Junta de S. Martinho, Rui Franco, na última Assembleia Municipal, onde reclamei e exigi uma solução rápida, e apresentei ideias para ajudar a resolver o problema, com isso é que demonstravam preocupação em defender o bem-estar da população.


    Rui Franco

    ResponderEliminar
  3. Caro Rui Franco,

    Esclareçamos desde já um desentendido: tanto os consumidores “que criticam com toda a razão”, como “os outros” falam da mesmíssima coisa que é inegável - a qualidade da água em S. Martinho da Cortiça é efectivamente sofrível.

    1º Não pense que será qualquer desconto que se venha a fazer factura dessa água (viole ou não o Regulamento Municipal) que vai compensar os consumidores; note bem – A SAÚDE NÃO TEM PREÇO!

    2º Mais uma vez, desvaloriza o que todos vemos ao abrir uma torneira nas nossas casas – a água é amarela, tem cheiro e, de acordo com o relatório publicado no site da C.M. Arganil tem excesso de sulfato de alumínio. Está escrito naquele relatório, que a turvação “pode ser um sinal de contaminação [já que] as partículas que conferem turvação à água protegem os microrganismos dos efeitos da desinfecção, facilitando o desenvolvimento das bactérias”.
    O senhor até parece o único tranquilo com a água que vê sair da torneira!

    3º É bem conhecido de todos que é a C.M. Arganil que tem a responsabilidade sobre a qualidade da água que bebemos; e por consequência, é a C.M. Arganil que tem a responsabilidade de resolver o problema.
    Não percebo é a falta de vontade política para o resolver, preferindo fazer, tanto no Concelho como na Freguesia, obras que dão nas vistas, que gastam o dinheiro disponível, mas que acabam por não resolver os problemas mais básicos das pessoas, como este da água.

    4º Não percebo o seu interesse em pactuar, como tem feito, com aquela falta de vontade política, preferindo apontar como culpados da situação aqueles que há quase 30 anos conseguiram construir na Freguesia um dos mais importantes benefícios de sempre – o abastecimento público de água – honra lhes seja feita.
    Uma obra com 30 anos precisa de manutenções, reparações e melhorias. Mas se houve alguém que teve a visão de construir um benefício tão importante, exige-se à Junta e à Câmara que não desprezem este benefício e que garantam o seu correcto funcionamento, melhorando o que tiver que ser melhorado.

    5º Será que o tratamento de 1.200m3/dia, como nesta ETA do Feijoal, seja tão mais complexo, por exemplo, que o de 130.000m3/dia, como na ETA da Boavista, em Coimbra, que abastece mais de 250.000 pessoas com uma água de qualidade irrepreensível?

    6º Com todo o seu respeito pelas suas “ideias” para resolver o problema, o problema é de resolução técnica. E posso assegurar-lhe que existem actualmente em Portugal conhecimentos técnicos suficientes para o resolver.
    O que não tem existido até agora – e esta é que é a questão – é vontade política para promover um correcto diagnóstico do problema, estudar quanto custa a resolução do problema e decidir se a resolução deste problema é, ou não, uma prioridade.
    Porque o dinheiro até existe, não tem é havido a tal vontade política de o utilizar neste problema.

    7º E ao contrário do que diz, o senhor até tem sido confrontado com este problema no local próprio, em várias reuniões da Assembleia de Freguesia, por alguns titulares desses cargos públicos, mas o que sempre tentou fazer foi, apenas, desvalorizar. Até que a gota de água transbordou o copo…

    João Portugal

    ResponderEliminar
  4. Sou morador na Roda, Pombeiro da Beira, em que infelizmente os dirigentes desta autarquia ou não devem consumir água da distribuição da rede pública nesta freguesia, ou são surdos aos apelos dos cidadãos quanto à qualidade da água da rede pública, ou qualquer coisa que os conduz a um silêncio comprometedor, talvez a aspirações a mais altos cargos políticos... mas o que é certo é que desde 2001 tenho vindo a apresentar reclamações à autarquia sobre a qualidade da água distribuída na rede pública. Ultimamente tem sido gritante a falta de qualidade da água da distribuição da rede pública e as minhas reclamações têm sido em maior numero mas as respostas continuam a ser as mesmas como se este serviço público que pagamos todos os meses estivesse em conformidade. Um senhor assessor do Presidente do Município que me recebeu no passado dia 8 de Julho assegurou-me que a água tinha esta coloração mas que cumpria o estabelecido por Lei para ser consumida e eu até ficaria mais descansado não fosse coloração e o cheiro que a água denunciam. A minha mulher recebeu uma carta no passado dia 12, resposta do Senhor Presidente do Município, a uma reclamação feita em 19 de Junho que gostaria de vos mostrar. Penso que nesta altura a situação poderá passar para crime público.

    AntónioBettencourt

    ResponderEliminar
  5. Caro António Bettencourt,

    efectivamente, é impressionante a ligeireza com que as Autoridades das nossas Freguesias de S. Martinho e Pombeiro e do Concelho de Arganil teimam em nos convencer que tudo está bem com água da rede pública!
    Também por S. Martinho as várias reclamações que se têm apresentado nos locais próprios têm sido sistematicamente desvalorizadas.

    Pode enviar o que quiser para saomartinhoaconversa@gmail.com

    João Portugal.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caro João Portugal
      Agradeço aos "Deuses" e a si por sentir que não estou só nesta mais que justificada demanda em que até ao gabinete da "Delegação de Saúde" no Centro de Saúde de Arganil já me dirigi e do qual fui corrido por não ser ali que se devem apresentar tais reclamações, o que não confere com o Decreto-Lei nº 306/2007. Irei enviar-lhe as missivas enviadas por mim à Câmara Municipal de Arganil e a resposta que a minha mulher recebeu desta.

      Um abraço
      António Bettencourt

      Eliminar
  6. Ontem, dia 16 de Julho, lá fomos assistir e participar em mais uma reunião de Assembleia de Câmara em Arganil. O assunto que lá levou muitos munícipes foi como era de esperar o da má qualidade da água fornecida na rede pública a Pombeiro da Beira e São Martinho da Cortiça. A razão é pesada mas os autarcas voltaram a assegurar que estão muito preocupados e que a água está sem contaminação orgânica. Aos argumentos apresentados, que não foram respondidos na sua grande maioria, foram os munícipes esclarecidos que o regulamento da assembleia proíbe interpelações após terem colocado as suas questões, ou seja, os munícipes vão "falar de alhos e respondem-lhes com bugalhos". A costumeira conversa de políticos. E assim vai a nossa democrática autarquia com os mandantes a mandarem e os pagantes a pagarem para serem mal e porcamente servidos.

    ResponderEliminar